Governo do Estado lança Festejos Farroupilhas 2024 homenageando o centenário de Jayme Caetano Braun
A solenidade foi realizada na manhã desta quarta-feira (7/8) no Palácio Piratini
Por Douglas Carvalho/Ascom Sedac | Edição: Rodrigo Toledo França/Secom
Os Festejos Farroupilhas, que em 2024 têm como tema o centenário do renomado pajador Jayme Caetano Braun e como patrono o músico Pedro Ortaça, foram oficialmente lançados em solenidade no Palácio Piratini nesta quarta-feira (7/8), com a presença do governador Eduardo Leite. Durante o evento, houve a entrega da Medalha Simões Lopes Neto e de homenagens à Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas. Também foi prestado reconhecimento aos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) que sofreram danos e realizaram ações solidárias nas enchentes de maio.
O governador disse que a cultura e as tradições gaúchas estão sempre presentes como referências que ajudam no enfrentamento das dificuldades atuais. “Nossa cultura e tradição são o esteio da nossa unidade como povo, do senso de pertencimento e identidade, principalmente em momentos difíceis como o que o Rio Grande do Sul atravessa. Buscamos as referências do passado sem ficarmos congelados nele, trazendo para o tempo presente a força de outros tempos e nos atualizando sempre. Isso é o que vejo nas palavras e nos gestos de quem trabalha com a cultura e a tradição”, afirmou.
Leite também destacou o sentimento de irmandade que une todos os gaúchos. “Nossa cultura não se resume só aos costumes, ao jeito de vestir e cantar. Nossa cultura é permeada por uma dose cavalar de civismo e cidadania, e de um profundo sentimento de responsabilidade com o nosso chão. A alma gaúcha nos faz irmãos, independentemente das diferenças, porque nela todos carregamos o amor por esta terra”, disse.
Para o secretário-adjunto da Cultura, Benhur Bortolotto, há muitos modos diferentes de ser sul-rio-grandense. “Há muitas etnias, muitas geografias e muitas culturas que contribuem para a fisionomia do nosso povo. Hoje celebramos um substrato comum a todas elas, um substrato que nos permite, na diferença, nos enxergarmos como uma comunidade. Valorizar esse substrato é estreitar os laços comunitários de identidade e de pertencimento, que foram fundamentais nos últimos meses e que estão sendo fundamentais para a reconstrução do nosso Estado”, ressaltou.
A presidente da Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas, Gabriella Meindrad, falou sobre o trabalho de organização que vem sendo feito desde fevereiro: “A comissão vem trabalhando nos preparativos, com a escolha do patrono, da identidade visual e da canção-tema, além do lançamento do e-book. Neste ano vamos celebrar não apenas Jayme, mas, acima de tudo, o povo gaúcho. O acendimento da Chama Crioula neste mês e o desfile de 20 de setembro vão simbolizar a esperança e a reconstrução do Estado”.
Gabriella celebrou a parceria do Banrisul e do Carrefour, patrocinadores do desfile – que também conta com recursos do governo do Estado, via Secretaria da Cultura (Sedac) – e assinalou a geração de emprego e renda que os Festejos promovem para apoiar as entidades tradicionalistas, que, segundo ela, mostram a verdadeira essência e a identidade do povo gaúcho.
O patrono dos Festejos de 2024, Pedro Ortaça, exaltou as raízes do Rio Grande do Sul. “Guardo até hoje os ensinamentos de meu pai e, aos 82 anos, muito me orgulha cantar a minha terra. Junto com Jayme, Noel Guarani e Cenair Maicá, resolvemos cantar a história do Rio Grande, cantar pedindo justiça e cantar os direitos dos indígenas e negros do nosso Estado. Muito obrigado pela honra de ser escolhido como patrono dos Festejos”, disse.
Em seguida, a Medalha Simões Lopes Neto foi entregue para três tradicionalistas: o trovador José Estivalete, a conselheira do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Jandira Tissot, e o coordenador da 1ª Região Tradicionalista, Luiz Henrique Lamaison. Jandira fez um agradecimento em nome dos agraciados com a medalha. Também foram entregues placas de homenagem à criadora da identidade visual dos Festejos, Cintia Rusche, a Cândido Brasil e Vinicius Ribeiro, que colaboraram na produção do e-book, e ao grupo Alma Gaudéria, responsável pela canção-tema.
O evento contou ainda com dois relatos sobre as implicações da crise meteorológica para o tradicionalismo gaúcho. O patrão do CTG Vaqueanos da Tradição, José Arnildo Mello, foi o primeiro a se manifestar. O CTG fica no bairro Humaitá, em Porto Alegre, e suas instalações foram atingidas pelas enchentes. O diretor cultural do CTG Aldeia dos Anjos, de Gravataí, Bernardo de Lima, falou sobre ação que permitiu abrigar desalojados no CTG. A presidente do MTG, Ilva Goulart, também fez o seu pronunciamento, frisando que o Movimento Tradicionalista cumpriu a sua Carta de Princípios ao prestar solidariedade e compartilhar as suas dependências com os que necessitaram de ajuda.
Na abertura e no encerramento do evento, o grupo Alma Gaudéria apresentou as canções-tema dos Festejos Farroupilhas 2024, O Pajador – A História do Rio Grande, e da Chama Crioula, Chama da Esperança.
Homenagem ao pajador
Reconhecendo a relevância cultural e intelectual de Jayme Caetano Braun, a Sedac propôs o decreto que dedica o ano de 2024 a homenagear o centenário do artista. Nascido em 30 de janeiro de 1924, na localidade de Timbaúva (em São Luiz Gonzaga), Jayme se destacou pela produção de poemas, pajadas e músicas, sempre destacando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, as tradições e os saberes do Estado, bem como a natureza peculiar da Região Missioneira.
Ele iniciou sua carreira de pajador em 1954, no 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho. A pajada (ou payada) é uma forma de poesia improvisada, com estrofes de dez versos, acompanhada por violão. Jayme ficou conhecido como El Payador ou O Payador dos Payadores.
No fim dos anos 1950, foi membro e co-fundador da Academia Nativista Estância da Poesia Crioula, em Porto Alegre. Publicou poemas em jornais e participou de programas de rádio. Ele morreu em 8 de julho de 1999, e, em 2001, foi aprovada a lei que institui o dia 30 de janeiro como o Dia do Payador Gaúcho, em homenagem ao artista.
Festejos Farroupilhas
Em 20 de setembro de 1835, teve início no Rio Grande do Sul a Guerra dos Farrapos – também chamada de Revolução Farroupilha –, a mais longa guerra da história brasileira. O conflito, que foi um dos principais eventos da história do RS, terminou dez anos depois, em 1845, e a data de seu início é comemorada até hoje. A revolução influenciou os símbolos gaúchos, como a bandeira, o brasão e o hino.
Instituído em decreto estadual, os Festejos Farroupilhas agregam um conjunto de eventos alusivos à celebração do aniversário da Revolução Farroupilha e à promoção das tradições histórico-culturais do Rio Grande do Sul. A Semana Farroupilha se tornou um momento de celebração das tradições do Estado, envolvendo os CTGs, o MTG e diversas instituições estaduais e segmentos sociais.
Atualmente, a organização das festividades ocorre em duas instâncias: o Estado estabelece as diretrizes gerais, o tema básico e as atividades que envolvem as entidades públicas estaduais, enquanto os municípios programam e realizam suas manifestações culturais e artísticas locais.
Desde 2020, uma comissão especial, criada pelo governador Eduardo Leite e coordenada pela Sedac, tem a tarefa de unir os principais festejos do ano em uma programação integrada. Este ano, a comissão é composta por 22 entidades parceiras.
Mais informações estão disponíveis na página dos Festejos Farroupilhas 2024.